sexta-feira, 8 de maio de 2009

Para sempre na memória

Era menina ainda, usava guarda-pó branco no banco escolar, quando aprendi esse poema em homenagem às mães. Lembro-me que a classe toda ensaiou como jogral. Para quem não sabe - jogral é como se fosse um coral, falado dentro de uma ordem, o que confere musicalidade e ritmo à declamação. Pega-se o texto ou a poesia e divide em versos, que são declamados por 1, 2, 3 ou quantas vozes quiser. Marcou-me profundamente, tanto que ainda hoje, lembro-me de cada palavra do poema de Drummond. Minha homenagem às mães, donas de todos os dias...



PARA SEMPRE

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

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